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Para economista do Secovi, consumidor da primeira moradia volta a ter maior peso na venda de unidades residenciais

A impressão do economista chefe do Sindicato de Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Celso Petrucci, é que “a cada passo que o País dá no processo de impeachment” há uma reação menos pessimista nos resultados das pesquisas promovidas pelo setor. Economista-chefe da entidade e diretor executivo da vice-presidência de Incorporação e Terrenos Urbanos, está desde 1983 no Secovi-SP, o economista representa o sindicato na Comissão de Indústria Imobiliária (CII) da CBIC e nos Grupos de Trabalho junto à Caixa, ao Ministério das Cidades e à Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Em entrevista ao CBIC MAIS, Celso Petrucci comenta sobre a escassez do crédito imobiliário, de possíveis mobilidades de investimentos que poderiam reanimar o setor imobiliário e faz também uma avaliação do perfil do consumidor atualmente. E adianta que o reaquecimento do setor imobiliário depende fundamentalmente do resgate da confiança dos brasileiros nas questões políticas, institucionais e econômicas. Leia os principais trechos da entrevista:

CBIC MAIS: Segundo a Sondagem da Construção (CBIC/CNI) o mercado imobiliário está menos pessimista. Por quê?

Celso Petrucci: A impressão que tenho é que a cada passo que o país dá no processo de impeachment ou votando nas medidas propostas ao Congresso pela nova equipe econômica, há uma reação positiva (menos pessimista) nos resultados das sondagens, não só na da CNI.

CM: Qual é a expectativa de recuperação do mercado imobiliário brasileiro? Já é possível prever alguma melhora em 2016?

C.P.: Não é possível ainda prever uma recuperação/melhora em 2016, porém, podemos prever que o mercado imobiliário pare de piorar e esteja preparado para um novo ciclo de crescimento de acordo com a evolução do crescimento da economia.

CM: Diante do cenário político e econômico, o senhor acredita que existam novas fontes de recursos para o financiamento imobiliário? Como contornar a escassez de crédito público?

C.P.:  A escassez do crédito imobiliário é fruto de uma série de fatores, porém, o principal deles é o ambiente econômico adverso do momento. O financiamento imobiliário depende, basicamente, de taxas de juros próximas a um dígito e hoje, infelizmente, a economia não permite a prática destas taxas. Atualmente temos um arcabouço completo para o SBPE, o FGTS, e para papéis voltados ao mercado de capitais, como: FII’s, LCI’s, CRI’s, LIG’s. Tenho convicção que basta a economia “entrar nos trilhos” ou seja, a SELIC caminhar para 10,5% ou 10% ao ano que a oferta de financiamento imobiliário habitual e mesmo do mercado de capitais voltará a ser abundante e com condições próximas às praticadas há dois ou três anos.

CM: O setor espera por uma maior participação dos bancos privados na concessão de crédito, tanto para a incorporação quanto para a compra?

C.P.: Os bancos privados tem obrigação de cumprir regulação do BACEN quanto a exigibilidade de aplicação dos recursos da poupança e, segundo a instituição, vêm cumprindo. A CBIC contratou um trabalho sobre o tema, que mostra certas distorções nas aplicações e que será apresentado e debatido com o governo no segundo semestre, apontando propostas de aprimoramentos na regulação. O que sinto, em relação aos bancos privados, é que a reação às mudanças (para pior) do mercado imobiliário são mais fortes do que nos bancos públicos e, por vezes, potencializada por quem não conhece profundamente o mercado. Temos a responsabilidade de estar sempre próximos aos bancos para tratar destes temas que afetam nosso setor conjunturalmente, buscando minimizar esses efeitos negativos.

CM: Que instrumentos e modalidades de investimento poderiam ser agregados para             reanimar o setor imobiliário nesse cenário de crise e desconfiança?

C.P.: Em minha opinião o ambiente não é oportuno para novos instrumentos, mesmo porque o arcabouço jurídico que temos a disposição é bastante confiável e quase todo devidamente testado, exceção a regulamentação das Letras Imobiliárias Garantidas. O reaquecimento do setor imobiliário depende fundamentalmente da volta da confiança dos brasileiros nas questões políticas, institucionais e econômicas. Exemplificando: bastou o afastamento da presidente ser votado em abril e a equipe econômica aprovar a nova meta de déficit fiscal para o ano de 2016, para que as sondagens de confiança realizada pelos mais diferentes órgãos (CNI, Fecomércio, FGV e outros) mostrassem resultados menos pessimistas.

CM: Como se comporta o estoque de imóveis nesse momento e qual sua expectativa para os próximos meses?

C.P.: A oferta de imóveis novos não vendidos no país, conhecida como estoque, vem há muitos anos sendo acompanhada pela Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC. Com base nos dados de quatorze cidades/regiões do país em 30/04 deste ano tínhamos pouco mais de 101 mil unidades novas não vendidas, assim distribuídas: em lançamento/na planta 18%, em construção 65% e prontas 17%. Este estoque vem sofrendo redução em função da queda no número de lançamentos imobiliários no país. A questão de estoque não nos preocupa de maneira geral, o que podemos ter em algumas situações específicas, são dificuldades pontuais deste ou daquele mercado.

CM: Como avalia o perfil do consumidor de imóveis hoje, mudou?

C.P.: O consumidor de imóvel hoje é, essencialmente, o comprador da primeira moradia que acessa o mercado através do “velho e bom” dois dormitórios. Hoje este consumidor é mais qualificado, pois diferente dos últimos anos, quando lançamos e vendemos imóveis para um perfil de público que acreditava sempre numa forte valorização, esses adquirentes foram e são nocivos ao equilíbrio do mercado imobiliário. Não temos estatísticas sobre esse perfil, mas arrisco afirmar que em 2010, como exemplo, 60% dos imóveis vendidos foram para quem efetivamente comprou para morar ou para melhorar de moradia (upgrade) e outros 40% foram vendidos para dois tipos de investidores: aqueles que realmente agregam imóveis ao seu patrimônio e os que especulam. Para o bem do mercado imobiliário, os especuladores hoje buscam outros ativos e deixaram para o nosso segmento um índice elevado de distratos ocasionados pela irresponsabilidade na aquisição.

CM: Qual impacto de elementos como o aumento na expectativa de vida, novos casamentos e separações, entre outros no mercado imobiliário?

C.P.: O impacto de variáveis sócio demográficas é premissa importante para o mercado imobiliário. Segundo estudo da FGV esses fatores ocasionarão a demanda de mais de 1 milhão e quatrocentos mil domicílios por ano até 2025, o que mostra que se nossos governantes propiciarem maior previsibilidade e confiança para os consumidores empresários e investidores, o mercado imobiliário tem um grande potencial para contribuir para o desenvolvimento econômico sustentado do Brasil.

Fonte: http://www.cbic.org.br/sala-de-imprensa/noticia/resgate-da-confianca-tera-impacto-positivo-sobre-mercado-imobiliario

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